domingo, dezembro 17, 2006

O caso Rogeiro

1. Nuno Rogeiro aceitou um convite do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, uma ditadura teocrática, para participar numa «fact finding mission» que o próprio, na sua propalada tendência para o secretismo, não esclarece convenientemente.

2. Atribuindo um revigorado sentido à expressão "idiota útil", o nosso Nuno escolhe fazer a missão durante o período do simpático concílio dedicado à negação do Holocausto, e, por motivos que me ultrapassam, resolve participar, amolgado - segundo o próprio - entre «nazis e racistas (incluindo David Duke, ex-"Grande Dragão" do Ku Klux Klan), elementos da extrema-esquerda "anti-ianque" europeia e japonesa» e Ahmadinejad himself, o anfitrião (da conferência e de Rogeiro), para afirmar o óbvio. Diz ele, uns dias mais tarde, que "nem o patético venezuelano Chavéz, nem o eterno moribundo Castro, se atreveram a solidarizar-se com a cretinocracia de Teerão". Pois.

3. Segundo o próprio, antes e depois da conferência, Rogeiro vive «na clandestinidade» e o governo iraniano não sabe dele. Não sem alguma vaidade, reconhece que se safou muito bem («outras guerras»). Recordo: era uma missão a convite do governo iraniano (presumo que com viagem incluída no pacote).

4. Zangado com a falta de espírito democrático dos participantes e dos organizadores do conclave, Rogeiro chega a Portugal e lança o seu último bafo de cretinice: «É preciso dar ao Irão um tempo razoável para pedir desculpa pelo que se passou. É preciso dar ao Irão um tempo razoável (mas não muito), para identificar publicamente aqueles que falaram em Teerão, e o que disseram sobre o Holocausto. (...) Se nada acontecer, a UE deveria suspender toda e qualquer relação com o Teerão.» Recordo que Rogeiro - sempre um original na utilização criativa da língua portuguesa - tinha redefinindo o conceito de eufemismo, já em Teerão, ao dizer à RCP que "nem tudo funciona bem" no Irão.

Será que eu percebi bem a história?

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu iria mais longe: a UE e Lisboa deveria identificar publicamente aqueles que de deslocaram a Teerão…

E se eu fosse o MNE iraniano pedia o meu dinheiro de volta.