segunda-feira, dezembro 18, 2006

Germanofilia

Não entendo as pessoas que não gostam de alemão. Ontem à noite, enquanto ouvia o prólogo do ciclo “Die Schöne Müllerin”, pensei que era capaz de ouvir vezes sem conta os poemas de Wilhelm Müller, simplesmente pelo prazer de ouvir a língua germânica tão bem tratada na voz ímpar de Dietrich Fischer-Dieskau.

Como é possível preferir o pragmatismo básico do inglês, fechado e isolado na Grã-Bretanha ou articulado com ingenuidade boçal (ainda que simpática) pelos americanos? Ou o francês, essa lengalenga efeminada - pardon my french - cujo futuro será servir de língua franca em boutiques, cabeleireiros e outras reservas naturais? Ou o italiano (fantástico sim, para quem gosta de amanhar peixe)? Ou até o castelhano (uma espécie de feira de Carcavelos de boca em boca que, em sussurro, me lembra os beijos apressados de uma companheira imaginária que insiste em limpar o nosso esófago com a língua)?

Não, nunca! Além da beleza da sua complexidade estrutural (as declinações, as palavras compostas, a dicção), o alemão carrega um lastro nas palavras que rasga profundidade em cada momento inesperado do quotidiano. É uma língua expressiva, sem ser espalhafatosa. Liga com o silêncio, com os sons da natureza e… com a maravilhosa música de Schubert.

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