domingo, dezembro 31, 2006
Bom 2007
The Prestige
Há, contudo, diversas opções que importa elogiar. Como a saudável recusa em defender uma personagem por contraponto a outra, nesta luta de dois seres desfigurados pela sua incessante busca da perfeição. Ou a presença de David Bowie, figura tão respeitável quanto acabada (musicalmente falando), que aqui assina um regresso em grande estilo ao cinema, encarnando o excêntrico e genial Nikola Tesla, alguém que também sabia uma coisa ou duas sobre a rivalidade e a obsessão.
Mas este filme vale sobretudo por Angier, a personagem defendida com brio por Hugh Jackman, ilusionista talentoso com origens renegadas na aristocracia britânica. Pelas críticas que tinha lido antes de ver o filme, concluí que se tratava de um excelente mestre-de-cerimónias, apenas preocupado com a aparência do espectáculo. Nada mais errado. Angier vive amargurado por não ter o talento inato de Braddon (Christian Bale), seu rival. E, de forma secundária, inveja também a vida pessoal que este leva (e lhe tirou). Mas, mesmo nas alturas de maior sucesso profissional, o seu maior desejo é saber o segredo de um truque do seu colega, o qual ele não consegue desvendar.
A história do filme é a história dessa obsessão, da subversão dos valores aceites, da rejeição do banal, tudo em busca da perfeição. A arte obriga-nos a sujar as mãos, alguém diz. Quem não o faz, nunca será um artista completo.
A Arte e a Moral
The West's greatest writers are subversive of all values, both ours and their own. Scholars who urge us to find the source of our morality and our politics in Plato, or in Isaiah, are out of touch with the social reality in which we live. If we read the Western Canon in order to form our social, political, or personal moral values, I firmly believe we will become monsters of selfishness and exploitation. To read in the service of any ideology is not, in my judgment, to read at all. The reception of aesthetic power enables us to learn how to talk to ourselves and how to endure ourselves. The true use of Shakespeare or of Cervantes, of Homer or of Dante, of Chaucer or of Rabelais, is to augment one’s own growing inner self. Reading deeply in the Canon will not make one a better or a worse person, a more useful or more harmful citizen. The mind’s dialogue with itself is not primarily a social reality. All that the Western Canon can bring one is the proper use of one’s own solitude, that solitude whose final form is one’s confrontation with one’s own mortality.
Harold Bloom, The Western Canon
quinta-feira, dezembro 28, 2006
Plano Picado
quarta-feira, dezembro 27, 2006
O Preço Certo
Tema d'"O Preço Certo"
terça-feira, dezembro 26, 2006
Mulheres de barba rija
Sylvia Plath
Anna Akhmatova
Virginia Woolf
Charlotte Brontë
Anne Brontë
Emily Brontë
Clarice Lispector
Iris Murdoch
Katherine Anne Porter
Nathalie Sarraute
Mary Shelley
Ruth Rendell
Gertrude Stein
P. D. James
Susan Sontag
Patrícia Highsmith
Carson McCullers
Flannery O’Connor
Marguerite Yourcenar
Jane Austen
Edith Wharton
Colette
George Eliot
Emily Dickinson
Maya Angelou
Barbara Pym
Selma Lagerlöf
Nadine Gordimer
Harper Lee
Sophia de Mello Breyner Andresen
Ana Teresa Pereira
sábado, dezembro 23, 2006
Um dia sem gravidade
quinta-feira, dezembro 21, 2006
Non-denial denial
quarta-feira, dezembro 20, 2006
Snobismos
Second-unit director. A deputy to a film’s main director whose job is to shoot scenes and footage that don’t require the presence and immediate supervision of the main director, often action sequences and expositional location shots. Many a second-unit director, having overseen his own semi-autonomous production crew, has eventually graduated to supremo-director status, though Snobs glory in knowing the names of such career second-unit specialists as Yakima Canutt (who was also an ace stuntman in John Wayne movies) and B. Reeves Eason. No disrespect to Paul Verhoeven, but the real reason RoboCop rocks is that Monte Hellman was the uncredited second-unit director.
Desavergonhadamente copiado daqui para Cool R.
terça-feira, dezembro 19, 2006
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Germanofilia
Como é possível preferir o pragmatismo básico do inglês, fechado e isolado na Grã-Bretanha ou articulado com ingenuidade boçal (ainda que simpática) pelos americanos? Ou o francês, essa lengalenga efeminada - pardon my french - cujo futuro será servir de língua franca em boutiques, cabeleireiros e outras reservas naturais? Ou o italiano (fantástico sim, para quem gosta de amanhar peixe)? Ou até o castelhano (uma espécie de feira de Carcavelos de boca em boca que, em sussurro, me lembra os beijos apressados de uma companheira imaginária que insiste em limpar o nosso esófago com a língua)?
Não, nunca! Além da beleza da sua complexidade estrutural (as declinações, as palavras compostas, a dicção), o alemão carrega um lastro nas palavras que rasga profundidade em cada momento inesperado do quotidiano. É uma língua expressiva, sem ser espalhafatosa. Liga com o silêncio, com os sons da natureza e… com a maravilhosa música de Schubert.
Incorrigível
What is your favorite occupation?
One always returns to writing. I resist the temptation to say that good fucking is really my favorite. One is now too old to talk like that.
Norman Mailer para João Bonifácio.
Wow!
Nunca fui um grande adepto da música de Oscar Peterson, que por vezes cai num virtuosismo fátuo pour épater le bourgeois. Talvez seja também o caso deste delírio boogie para dezassete mãos, mas a verdade é que não consigo deixar de ficar empolgado!
domingo, dezembro 17, 2006
O caso Rogeiro
2. Atribuindo um revigorado sentido à expressão "idiota útil", o nosso Nuno escolhe fazer a missão durante o período do simpático concílio dedicado à negação do Holocausto, e, por motivos que me ultrapassam, resolve participar, amolgado - segundo o próprio - entre «nazis e racistas (incluindo David Duke, ex-"Grande Dragão" do Ku Klux Klan), elementos da extrema-esquerda "anti-ianque" europeia e japonesa» e Ahmadinejad himself, o anfitrião (da conferência e de Rogeiro), para afirmar o óbvio. Diz ele, uns dias mais tarde, que "nem o patético venezuelano Chavéz, nem o eterno moribundo Castro, se atreveram a solidarizar-se com a cretinocracia de Teerão". Pois.
3. Segundo o próprio, antes e depois da conferência, Rogeiro vive «na clandestinidade» e o governo iraniano não sabe dele. Não sem alguma vaidade, reconhece que se safou muito bem («outras guerras»). Recordo: era uma missão a convite do governo iraniano (presumo que com viagem incluída no pacote).
4. Zangado com a falta de espírito democrático dos participantes e dos organizadores do conclave, Rogeiro chega a Portugal e lança o seu último bafo de cretinice: «É preciso dar ao Irão um tempo razoável para pedir desculpa pelo que se passou. É preciso dar ao Irão um tempo razoável (mas não muito), para identificar publicamente aqueles que falaram em Teerão, e o que disseram sobre o Holocausto. (...) Se nada acontecer, a UE deveria suspender toda e qualquer relação com o Teerão.» Recordo que Rogeiro - sempre um original na utilização criativa da língua portuguesa - tinha redefinindo o conceito de eufemismo, já em Teerão, ao dizer à RCP que "nem tudo funciona bem" no Irão.
Será que eu percebi bem a história?
To Whom It May Concern
sábado, dezembro 16, 2006
Um Bond desconhecido
'So,' continued Bond, warming to his argument, 'Le Chiffre was serving a wonderful purpose, a really vital purpose, perhaps the best and highest purpose of all. By his evil existence, which foolishly I have helped to destroy, he was creating a norm of badness by which, and by which alone, an opposite norm of goodness could exist. We were privileged, in our short knowledge of him, to see and estimate his wickedness and we emerge from the acquaintanceship better and more virtuous men.'
Ian Fleming escreveu estas palavras em Casino Royale, na boca de um espião que, durante toda a aventura, não usa gadgets nem por uma vez dispara a sua arma. A recente versão para cinema é um passo de gigante em relação à personagem de BD que Brosnan vinha encarnando, mas está ainda longe deste animal seco, bizarro, quase medieval, com um sentido do dever extremado de origens pouco claras e uma visão (ainda mais) obtusa das mulheres. É um livro distante, quase esquemático, coberto por uma pátina que lhe dá um interesse lateral como "curiosidade". Ainda assim, muito melhor do que eu esperava.
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Discutir o plágio, agora a sério
terça-feira, dezembro 12, 2006
domingo, dezembro 10, 2006
Les (Bond) Girls
Seja como for, a imagem de Caroline aos comandos de um helicóptero destruidor, piscando o olho a Bond enquanto se prepara para disparar mais um rocket na sua direcção ficou eternamente gravada na minha memória. Pensando bem, a sua leitura não é assim tão linear e até permite um ensaiozito de algumas páginas. Abençoada sejas, Caroline, por nos dares tanto que... pensar.
Outras referências: o corpanzil de Ursula Andress a sair da água; a angústia papel maché de Claudine Auger; o regresso aos helicópteros, com a muito mais bela Corrine Clery.
PS: Eva Green está deslumbrante nalguns momentos de Casino Royale.
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do universo
Mãe, quem é o Abraão?
Anda...
Quem é, mãe?
Monte Abraão é lá ao pé do Cacém.
terça-feira, dezembro 05, 2006
Do Mal o Menos
Ficam as minhas respostas, com a devida vénia aos autores:
GIVE US AN EXAMPLE OR TWO OF AN ESPECIALLY GOOD OR INTERESTING:
1. Movie score. Bram Stoker's Dracula (Wojciech Kilar)
2. TV theme. Moonlighting (Al Jarreau)
3. Melody. Love Theme "The Thief of Baghdad" (Miklos Rozsa)
4. Harmonic language. Images (Debussy)
5. Rhythmic feel. Water No Get Enemy (de Fela Kuti, com Tony Allen na bateria)
6. Hip-hop track. They Don't Wanna Fuck With Me (Missy Elliott/Timbaland)
7. Classical piece. Postlude (Lutoslawski)
8. Smash hit. Deja Vu (Beyonce & Jay Z, produção de Rodney Jerkins)
9. Jazz album. Witness (Dave Douglas)
10. Non-American folkloric group. Taraful Haiducilor
11. Book on music. Nenhum em particular.
BONUS QUESTIONS:
A) Name a surprising album (or albums) you loved when you were developing as a musician [neste caso, ouvinte]: something that really informs your sound but that we would never guess in a million years: Vulgar Display of Power (Pantera)
B) Name a practitioner (or a few) [...] that you think is underrated: Steve Coleman, Ben Allison, Vijay Iyer.
C) Name a rock or pop album that you wish had been a smash commercial hit (but wasn’t, not really): Blur “13”
D) Name a favorite drummer, and an album to hear why you love that drummer: Nasheet Waits - Andrew Hill “A Beautiful Day”
domingo, dezembro 03, 2006
Gory Humour
Do you know if President Bush has seen the movie yet?
Well, he claimed that would not see it. That’s why I wrote the book. He’s a reader.
Al Gore